domingo, 20 de novembro de 2011

Vagueios


Dias. Acumulam-se dias atrás de dias, sem tinta alguma aproveitada. Textos atrás de textos que escrevo nesta minha mente, que no dia a seguir, se contradizem por completo. Suponho que tenha escrito por toda a minha cara, pontos de interrogação. Talvez seja por isso que me dói tanto olhar ao espelho. Talvez seja por isso, que me custa imenso olhar para dentro de mim. Os órgãos vitais que me comandam, aqueles que falam com a minha consciência, estão neste momento, em completa dessincronização. O de cor vermelha, emana uma vontade tremenda em partilhar uma paixão que já transborda fora do pote. No lado oposto tenho o de cor cinzenta, que quase que me obriga a procurar aquela pessoa que denomino como perfeita para mim. Se eu ao menos ainda soubesse onde ela eventualmente poderia estar, talvez este meu coração acalmasse.
Tento ao máximo, dar tudo de mim a todos os que me rodeiam. Tento manter contacto com todos, mesmo com aqueles que chego a não falar durante semanas. Tento fazer transparecer que está tudo bem, quando na minha realidade não está. Chego a dar por mim a escrever coisas no caderno que nem sei o porquê, de as ter escrito. Rasgo a folha e fico a olhar para a seguinte, a pensar o que vou escrever. Aproximo a caneta da folha quando mais uma vez, dou por mim a fazer o que realmente não quero.
Sempre me disse a mim próprio que queria viver uma vida diferente, ir para outro país e começar algo que nunca antes comecei. Ser um completo desconhecido de todos, e pouco a pouco ir conhecendo-os aqui e ali. Tenho a certeza que se o fizesse, iria encontrar o que me falta. Talvez aí, o número de folhas rasgadas diminuísse. Talvez aí, já não fosse preciso baixar o volume da música para conseguir ouvir os meus pensamentos. Talvez aí conseguisse ouvir os meus pensamentos na minha própria música, ou por outro lado, os conseguisse ouvir noutra pessoa.