sábado, 13 de outubro de 2012

The Beginning. 1st Part


Dá-me tempo. Dá-me tempo para realizar. Para me afastar e ganhar balanço nas cordas. Deixa-me suar com o pensamento de que é possível. Acompanha com os olhos o meu salteado, em teu redor. Punhos para cima e cabeça escondida. Balança os ombros e presta atenção aos meus. Cuidado com as faltas e não te esqueças, de agradecer aos espectadores.
                                        Prepara-te que vai começar.



Quantas vezes meu Sol ?
Quantas vezes já nos encontrámos, logo pela manhã, com a brisa fresca a puxar pelos nossos pulmões, ainda nós com cara de ensonados ? Quantas vezes fechámos os olhos e pensámos que seria desta ?
Tão ingénuos que fomos, não é ? Tolos, ao pensar que ao fechar a pálpebra serviria de contemplação.. As árvores continuavam iguais, todas elas vaidosas a balançar seus verdes cabelos. Todas estilosas, sempre a seguir a tendência da moda, com vestidos e roupas de colecção de cada estação que chegasse. E nós a rir feitos tolos, daquelas figurinhas que elas lá iam fazendo. Mas lá felizes estavam elas, cada uma a seu jeito. Precisamente o contrário de nós, até à bem pouco tempo. Sim, não desmintas tótó. Eu sei que estás a adorar. Sei que estás a adorar esta nova brisa que está a limpar os nossos pulmões. Eu bem te avisei! Eu bem te disse que deixar os olhos abertos iria servir de algo. Está na hora de me agradeceres, seu ingrato. Dá-me luz o suficiente para eu poder dar também, ok ? Fazes-me esse favor ?
Já há muito tempo, que não dava importância caso o meu cérebro se esquecesse do telemóvel. Esse objecto móvel que mantém as pessoas em contacto. Já era habitual, ficar esquecido em cima da mesa de cabeceira, em silêncio. Por vezes até ligado ao carregador o dia todo. Mas claro, para eu estar a falar disto é porque algo mudou. E mudou mesmo. Tanto que a minha indiferença passou a ser desavença caso me esquecesse. Começou a significar que caso me esquecesse, perderia um dia de pensamentos de amor tolos, ingénuos, como o “amor” deve ser. Além do mais foi por esse mesmo meio que eu tomei o banho mais longo, aparei a barba, escovei os dentes e parei a olhar-me para o espelho. Esse que se costuma manter sempre igual, faça luz ou não.



- Vai-me lá fazer umas sandes.
- Em troca de..?
- Fica a teu critério.
- Amanhã quero um grande pequeno-almoço!
- Negócio fechado!
- Então esperas até amanhã ao pequeno-almoço para comeres, não me apetece levantar da cama.
- Ups, não há pequeno-almoço!
- Ups, porque não sabes fazer um pequeno almoço de princesa.
- De princesa ? Nop. Mas de raínha ? Isso já depende J
- Gostei, agora estiveste muy bien! Se algum dia vieres dormir cá em casa vou exigi-lo A!
- With pleasure milady.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Está na hora


Escrevo até às espinhas, destas entrelinhas que adivinhas serem tuas. E quantas luas te posso eu dar, não sendo cruas para que tu te possas entregar ?
Não estamos em contacto, mas percebo de imediato que isso é necessário; ser primário, e ter um lugar para me guardar, nesse teu armário. É por isso, que mais uma vez me descubro, mas descansa, que eu encubro esta tua existência que me está a levar ao rubro.
Voltei à minha demência, esta negligente parte de mim... Esta indecência eloquente, que vira impertinente na ausência de uma clemente essência chamada gente. Mas não é qualquer gente, não é qualquer dente que me ferra a mente e que a deixa completamente, sem coordenadas. 
Sem Norte nem Sul, sem Este nem Oeste, sem a habitual ideia agreste de chegar ao destino. E quão fino é, o caminho correcto que devemos percorrer ? Com tantas estradas secundárias perco-me ao escolher, ao deduzir a escolha de qual será a melhor. Umas mais perfumadas, umas mais arranjadas, umas mais atraentes e outras não tão vistosas... Mas eu não quero superficialidade, quero estabilidade. Quero ter a certeza que a intimidade existe, e quero, a cima de tudo, que para ambos seja verdade. Tanto para mim, como para o escuro alcatrão que se vai esticando debaixo destes velhos ténis, que já carregam um fardo enorme de kilómetros...


Está na hora de preencher estas linhas, mas desta vez, sem  rabiscos.

Está na hora de atar os cordões. Com dois nós.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É querer.


Homem e mulher são
Seres diferentes, naturalmente.
Mas no amor, há uma contemplação
Que contempla onde falta gente.

A diferença desaparece,
Assim como o número par;
É chama viva, que só arrefece
Quando o tempo decidir parar.





E amar ? Bem, amar pode-se tornar tanto relativo como certo. Pode-se tornar tanto abstracto como concreto. Cada um com a sua própria noção de que amar, significa isto e aquilo. Mas analisando bem, todos nós “o sentimos”, ou pelo menos, quem já passou por isso. Todos nós acabamos por, eventualmente, saber o significado dessa imaculada palavra. E todos nós o queremos sentir, quer queiramos quer não, e porquê ? Porque nos faz bem, porque nos faz sermos o que não somos habitualmente; porque nos faz sermos “aquilo”, o que nos diferencia de toda a gente. E tudo isso, é querer ouvir o vento que vem da outra pele, e ver o sol nascer do intenso calor de ambos os corpos. Quando se perfumam, em cada um, nada mais existe a não ser aquele relâmpago feliz; aquela luz que nos clarifica a visão, que nos dá as certezas que estamos à procura. É vestir-nos com o corpo do outro, para que em nós possamos buscar o sentido dos sentidos; o sentido da vida. É dar de beber um ao outro, com a água dos nossos mútuos beijos. Tão simples mas tão complexo.. Tão concreto, mas tão abstracto..


Tudo isto, É querer.