segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Súbitos Tremelicos

Poderei eu adormecer em noites destas?
Frescas horas da madrugada, que me puxam para fora dos sonhos e que numa força de dez homens, tendem em me abrir as pálpebras. Só para que as minhas íris não se esqueçam de ti. Só para que eu, não me esqueça de ti.

Poderei eu adormecer em noites destas?
Frescos suores, que enchem os meus sonhos cheios de água. Que os inundam, que os inundam de ti. Que me deixam o corpo submerso com o teu cheiro, inconfundível. Que apenas os lábios deixam secos. Que apenas os lábios, deixas secos.


Poderei eu adormecer em noites destas?
Frescos tremelicos e súbitos despertar que me fazem procurar ansiosamente, pela caneta e caderno. Pelo abrigo onde me protejo toda a vez que me encontro. Toda a vez que te encontro.
Estes tremelicos e súbitos despertar gelados que me dão ânsias, na procura por ti. Na procura em ti, por mim.


Não consigo ser mais sincero quando te digo que adoro, o que tens em mim. Quando me procuras quando passo demasiado tempo, sem te contemplar. Sem te cortejar. Sem bocejar aquando as nossas conversas, nossos textos. Esse bocejar que ao invés de me dar sono, me gratifica por saber que ainda te tenho durante só mais um bocadinho, antes do beijinho de boa noite. Antes do beijinho na testa, como tu mereces.
Como tu gostas.
Como eu gosto. 

Ai, como eu te gosto..

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Doce ou Travessura?

Porque para ser honesto fico estupectado, cada vez que te vejo. Só alimenta o meu desejo, de te querer conquistar. Mas, de que serve o desejo quando a coisa mais simples, que é falar, tem tendência a encravar? Estranho, devo dizer, não querendo dar a entender que todas estas palavras são repetidas nas várias direcções, porque não sou de transmitir sensações a cada par de corações, a cada rabo com tacões.
A cada sorriso com o lábio trincado, a imaginarem posições.
Disso tive às paletes; puras ilusões.
Demasiadas desilusões para me aventurar noutra aventura.
Se o que planeio não dura, para quê ser cabeça dura?
Já chega, digo eu.
Estou cansado de me estender e esticar por quem não deu. 
Por quem não quer ser meu.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Restless Nights

Não sou fácil de gostar. Nunca fui. Hoje às 2h da madrugada vejo isso, melhor do que alguma vez pensei que visse. Do que alguma vez pensei que era. O irónico, pelo menos para mim, é eu estar sempre a fim de tudo. De querer fazer tudo e ir a todo lado, sem inventar desculpas. Queres que vá ter contigo? Não tenho boleia mas espera, eu arranjo. Se chamam a isto de ser alguém fácil, então perdoem-me. Desculpem por me esforçar e querer demonstrar que, quero estar presente em tudo. Principalmente na vida de quem eu gosto. Nas ocasiões mais e menos importantes, nas rotinas do café diário ou até num jantar a três quando o resto do grupo não pode. Perdoem-me. Perdoa-me, por estar constantemente na expectativa de receber uma mensagem tua, embora saiba que não o vais fazer.
O facto de me esticar para todo o lado, é mau. Mas, pior que isso é só reparar nisso agora, às 2h da madrugada. Nesta humidade que paira no quarto, que abraça o meu subconsciente aconchegadamente… Digam-me: Porque é que, para ultrapassar estes arrepios, sou obrigado a vestir casacos e a agasalhar-me? Nunca a minha mente esteve tão enrugada como agora, tão imunda e submersa de questões, como agora.
Digam-me: Para quê estes desgastes mentais? Porque é que temos que guardar num cofre, aquilo que mais prezamos? Pergunto-me, se estamos todos conectados como realmente dizem; se somos filhos da terra… Porque é que não podemos olhar para tudo, com muito mais intensidade?
Perdoem-me por vos pedir isto, mas por favor, leiam e tentem perceber as entrelinhas.

02:17h, marca o relógio.
Preenchi mais uma página de apenas mais um, dos cadernos. Farão algum dia alguma diferença? Quem vai ler isto para além de mim, agora?


02:19h, boa noite.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Imaginarium

       A noite desaparece, por fim. O dia amanhece e a luz do nascer do Sol irrompe pelo quarto a dentro. Rasga pela persiana e pelos cortinados, desenhando rectângulos na parede. Estranho, o despertador não tocou… Fui eu que me esqueci ou foi ele que se deixou dormir? Tenho que me levantar. Afasto o edredom, levanto-me em direcção à janela e puxo a persiana até ao topo. Chuva outra vez… Adoro estas manhãs.
       Voltei a sentar-me na cama. Passou mais uma noite e o cheiro continua nos lençóis. Até no próprio pijama que tinha vestido. Nem acredito que almocei e jantei no quarto. Se estivesse doente ainda me compreendia, mas por isto? Talvez esteja mesmo doente… Que estúpido.
Para mim era tão difícil como ensinar uma criança de três anos a cozinhar. Talvez a minha educação não tenha sido tão moderna como deveria ter sido. Ou talvez a minha habilidade de ‘seguir em frente’ precisasse de ser actualizada, novamente. Nunca compreendi o porquê de nós, humanos, possuirmos uma capacidade que se contradiz por natureza: conseguimos esquecer tão rápido quanto a duração de um simples duche, mas dois meses depois estamos colados à almofada, a devorar a tinta do tecto. Cheios de questões e arrependimentos, a fazer planos mentais de como poderíamos ter vivido de forma diferente, de como poderíamos ter aproveitado. É claro que com tudo isso deixa de existir espaço no nosso disco rígido, e como as coisas não tendem a melhorar, a nossa ‘reciclagem’ também deixa de poder armazenar.
Eu devia era de fazer uns abdominais, para ver se esta almofada desaparece… Mas e vontade? Vou mas é fazer umas torradas. Tentava sempre amenizar os meus pensamentos, preenchendo-os com alguma coisa que me mantivesse ocupado, mas era sempre missão falhada. Por mais que eu me quisesse distrair voltava sempre à imagem dela, ou ao som do seu riso histérico. Doce. Imaginário. Penso que te imagino, sabes? Gosto de me ver a imaginar-te; a criar momentos inesquecíveis em lugares paradisíacos, embora ainda não saiba se é deles que gostas.
Escrevo-te, sabes? Tenho escrito para ti regularmente. Tenho-o feito da parte de dentro da minha pele, mas tenho-o feito. Faço-o porque se houver defeito, ninguém poderá ver nem notar. Nem gozar. Nem apontar e criticar. Sabe bem escapar de tudo isso; de lutas verbais contra os críticos. Fazermo-nos de fortes por vezes cansa, e eu não te quero mostrar que sou forte. Quero-te mostrar que posso ser forte.
Sinceramente? Não sei. Não sei se na tua mente, me incluís no grupo dos “Homens da noite”. Se me imaginas a tentar engatar as “Mulheres da noite”, a oferecer-lhes bebidas e a dizer-lhes frases excitantes aos ouvidos. Com a mão na cintura delas e os lábios, nos lábios delas. Se me imaginas a escrever coisas bonitas a todas as que acho ‘interessantes’, a seduzi-las com poemas e textos amorosos.
Sinceramente? Não sei, se me imaginas de todo. Se chego alguma vez a passar pela tua mente, no teu dia-a-dia. O tempo é longo, não é curto como dizem. E eu gosto de olhar para ele com calma e serenidade. Gosto de lhe olhar e observar como gere o seu negócio. O meu por vezes vai à falência, e não são muitas em que há um balanço positivo. Não tendo a fazer demasiados investimentos, tenho receio que dê para o torto, ainda mais do que tem dado. Mas tem vezes, em que me dá vontade de vender tudo e arriscar no meu instinto. No entanto, não o faço. Fico sempre zangado comigo próprio por não o ter feito e a desilusão, aloja-se. Parece tão cliché, não é? Tão cliché como outrora era entregar flores. Onde o cortejo era nas festas, nos bailes. Homens de um lado, mulheres do outro. Levantava-se um homem e escolhia uma das mulheres, nenhuma recusava. Porque dançar era mais lindo e dava mais gozo do que meros estatutos ou aparências. Só depois é que vinham as flores, no “2º encontro”. Não te entrego flores porque acharias ridículo. Portanto, invés disso, escrevo-te. Estas letras são para ti. São as minhas rosas, para ti. Guarda-as com carinho. Deixa-as apanhar Sol e não te esqueças, de lhes dar água de vez em quando. Não as deixes murchar, porque afinal de contas, são parte de mim.
Gostaria de te imaginar a imaginar que sabes, sabias? Que nunca fui de eleições, de escolhas e selecções. Que sempre me dirigi com intenções de eleger o melhor, dos corações. Que de reflexões sou cheio e de decisão a decisões lá me divido, metade vontade metade bloqueio. Receio portanto, que seja isso que me condiciona. Não que a poltrona seja o meu sofá, ou a minha cama, mas quem fará com que um pijama comprado pela mamã se transforme, num smoking? Tornar-se-ia estranho e desconfortável, certo? Quase sempre me senti assim, numa dúvida. Num nada.
“Nada…”. Tudo de nada, tudo da palavra nada. Letras de empreitada sem sabor algum, sem caldo ou tempero. Visto de fora, é comum. Nunca fui número um e isso é visível à distância de planetas. É como o pão: cortamos sempre uma fatia a mais em caso de futura vontade, que na maioria das vezes volta para dentro do saco transparente. Sabemos que dura mais uns dias, é por isso que o fazemos. É por isso que me divido sempre mais um bocado. Mas não é pelo domínio da ingenuidade, é pela esperança de que alguém entre na cozinha, olhe para o saco, repare na fatia e lhe dê vontade de a comer com nutella. Gulosice de restos, é o termo.
Oh, merda… Estás a ver o que me fazes? Queria ditar-te algo e começo por falar em pão e nutella… Parecido, suponho. Mas bem, meu bem, sei que também tens cem palavras para mim, não é? Então, levanta o pé e pousa-o mais à frente. Levanta o esquerdo e pousa-o à frente do direito. Repete com o direito. Repete com o esquerdo. Caminha em frente, para a minha frente. Deixa-me olhar para ti enquanto isso, és tão elegante. Adoro o teu movimento. Adoro ver-te caminhar. Misturas-te com o vento e com o meu olhar. Quando sorris não há sorriso que se contenha em mim, posso afirmá-lo enquanto por fim me dás os lábios. Sabes a doce, a guloseima. Sabes a nutella, minha bela. E queima, quando entre o pó sou forçado a escrever-te em vez de te o dizer, frente a frente. Nariz a nariz, minha esquimó.

Bem, tudo para isto dizer que sim, vou às festas todas onde me queres presente. Vou onde tu quiseres, noite atrás de noite. Mas por favor (se não for pedir muito, claro), deixa-me ir com o pijama vestido por baixo e de chinelos calçados. Prometo cortar as unhas.



Mas bem, meu bem, sei que também tens cem palavras para mim, não é?


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sou? Serei ser.


Sou quem, que sem não vive, quem não teve. Quem não tive, que ontem teve e que hoje, sem não vive.
Sou quem o ontem começou a primeira página.
Sou quem, o hoje, rasga o livro.
Sou quem o amanhã dá uma chapada de luva branca. Quem vive sem o que nunca, na verdade tive. Quem teve, como te teve, de pálpebras fechadas.
Sou quem das madrugadas fez companhia, altas horas todas contadas, contempladas e transformadas em abafadas contemplações; transformações paranormais de normais paixões, agitadas hormonas, em naturais tremelicos literários.
Confusos horários.
Confusos passos primários.
Confusas interrogações, fazendo os meus olhos otários, de que se foi realmente, o mais correcto.
Sou quem partiste o tecto. Quem perdeu o afecto com o afecto pegajoso, no teu tecto.


Sou quem não chegou a ter o teu afecto.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Down on my knees

Não posso. Não posso fechar as comportas deste gigante pulmão, que te inspira. Não posso. Não posso vestir a armadura de novo e dizer ao meu subconsciente, que não se passou nada; que não se passa nada. Não posso, não quero. Não o vou fazer e quero que saibas disso. Quero que saibas que estou a tentar ser preciso, na escolha que estou a tomar. Sei eu e sabes tu, que vai ficar difícil. Mas e daí? O que é fácil não apetece a ninguém mas isto, não é uma questão de apetecer ou simplesmente querer lutar contra a maré, só por ser difícil. Honestamente, tenho a plena noção de que se me ajoelhar para te beijar os joelhos, irei acabar agarrado às tuas pernas. A levantar-te no ar, só para que sintas que estás mais alta do que eu. A verdade é que estás. A verdade, é que estás…



Eu estou aqui, e tu? Estás aí?