Escrevo até às espinhas, destas entrelinhas que adivinhas
serem tuas. E quantas luas te posso eu dar, não sendo cruas para que tu te
possas entregar ?
Não estamos em contacto, mas percebo de imediato que isso é
necessário; ser primário, e ter um lugar para me guardar, nesse teu armário. É
por isso, que mais uma vez me descubro, mas descansa, que eu encubro esta tua
existência que me está a levar ao rubro.
Voltei à minha demência, esta negligente parte de mim...
Esta indecência eloquente, que vira impertinente na ausência de uma clemente
essência chamada gente. Mas não é qualquer gente, não é qualquer dente que me
ferra a mente e que a deixa completamente, sem coordenadas.
Sem Norte nem Sul,
sem Este nem Oeste, sem a habitual ideia agreste de chegar ao destino. E quão
fino é, o caminho correcto que devemos percorrer ? Com tantas estradas secundárias
perco-me ao escolher, ao deduzir a escolha de qual será a melhor. Umas mais
perfumadas, umas mais arranjadas, umas mais atraentes e outras não tão
vistosas... Mas eu não quero superficialidade, quero estabilidade. Quero ter a
certeza que a intimidade existe, e quero, a cima de tudo, que para ambos seja
verdade. Tanto para mim, como para o escuro alcatrão que se vai esticando
debaixo destes velhos ténis, que já carregam um fardo enorme de kilómetros...
Está na hora de preencher estas linhas, mas desta vez,
sem rabiscos.
Está na hora de atar os cordões. Com dois nós.