A imensidão é imensa. Imensidade de uma dispensa que esvazia
ao som do tique-taque, do relógio. De uma promessa de que se encheria, se
completaria por quem me batesse à porta. Não qualquer quem mas o quem que
melhor me fizesse, sentir bem. Sentir que também faz bem, ter vontade de
preencher todas as prateleiras, desta minúscula dispensa. Sentir que ninguém é
o quem que mais desejas, mais almejas ter.
Quero que me batas à porta. Que me dês a vontade de pegar na
caneta, ou meter as mãos em cima deste teclado e sentir as teclas a serem
pressionadas. A serem impressionadas, pela imensidão e o peso emocional que
estes dedos carregam. Que esta pele respira.
Quero imenso ter-te como penso, desconhecida vida.
Quero saber da minha particularidade, em relação ao mundo.
Desejo interiormente que todas as experiências sejam mais do que apenas
sensoriais, neste meu ser particular. Neste meu ser único. Apela e agrada ao
mais íntimo de mim ser consciente de como sou usado e ensinado a respirar,
neste oxigénio. Talvez o pensar desta forma, particular, me ajude a solidificar
a opinião com princípios básicos que recorrem a uma marionete biológica. Como
se fossemos meros bonecos numa mesa de matraquilhos, ensinados a respirar.
Chutamos a bola porque é esse o nosso instinto, fomos ensinados a repelir o
perigo. Foi-nos esculturado o intuito de querer ganhar sempre, de ser até
superior ao próximo, ao ser vivo da nossa própria espécie.
Debaixo do nosso tecto podemos ser quem somos. Mas o padrão,
é sempre o mesmo. É sempre o mesmo, embora pensemos que somos todos seres
únicos. Sujeitos únicos. Mas, o padrão é sempre o mesmo. É próprio de uma marionete.
É uma particularidade.
Serei eu tão singular quanto a minha mais ínfima
particularidade?