Dói. Dói como nunca dói. Corrói, como nunca corrói. O
sentido de impotência cresce como um parasita, eremita egoísta com os seus
gostos altruístas. Cresce como um vírus, que se alastra por tudo o que me é
tudo. Consecutivamente, impiedosamente. Num frenesim que embora repetido, me é
novo a cada quebra emocional. Mais do que novidade é o facto de ser
desagradável, amargurante, exaustivo e que me sela os sentidos. Não consigo
tirar partido máximo deles. Não me está ao alcance, vivê-los bem vividos. Bem
sentidos.
Por quantas mais vezes serás tu madrasta, sua madrasta? Esse
queixo subido, essa sobrancelha no alto; esse ar arrogante de que se acha
maestra por ser sonoplasta. Desgasta-me, ter que te pedir autorização para
ouvir o que de mais doce tenho. Desgasta-me, ter que te pedir que de vez em
quando, me deixes escrever neste livro sem ser a vermelho. Sabes tão bem quanto
eu que não te apoio nas decisões que tomas. Nunca te apoiei nem nunca o irei
fazer.
Deixa-me saborear-me com quem mais saboreio. Quero apenas um só gosto, o resto, dá aos outros. Sei que não és lá grande pintora, mas se queres pintar de preto então pinta-me só a mim! É só isto que te peço.
É pedir muito que me leves para uma estrada alcatroada? Estou farto de poeira.