Ardem, no vazio, chamas monocromáticas. Labaredas geladas
que transcendem o seu próprio espaço. Sinto-me como o hall de entrada de uma
casa despida no coração da cidade. Doem-me as paredes, e as portas. Doem-me as
maçanetas semibrancas, manchadas com a saudade do suor de quem as segurava.
Dói-me o sangue.
Sinto arrepios nas cortinas por cada passada larga que dão lá fora, na calçada.
Ninguém chega a espreitar e, por cada alma tentada a janela é trancada. Não é
que tema em ser hospitaleiro mas o que vem primeiro é o cheiro, e a minha mente
tresanda a mofo.
De luz apagada, respiro.
tão bom.
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