O fluxo parou. A morfina fez efeito. Ainda sinto a enzima
que outrora me proporcionava deleito.
Porque me deito?
Por quem me deito?
A morfina ainda está a fazer efeito. Não sei como, mas o fluxo continua estagnado.
Como é que eu vim aqui parar?
Porque me deito?
Por quem me deito?
A morfina ainda está a fazer efeito. Não sei como, mas o fluxo continua estagnado.
Como é que eu vim aqui parar?
Noite sim, noite não, deixo-me levar pela inaturalidade. Ou
pela naturalidade inexistente. Ou pelas palavras inventadas pela minha mão
direita. Nem a minha cama está direita… Fora de sítio nada paralela a uma
parede pouco ou já nada encarnada. O quadro com a fotografia de Nova Iorque
está praticamente na vertical… As cortinas não estão corridas. Os estores
continuam a não ser colhidos. Faz tempo que esta divisão onde pernoito não
respira ar fresco. Há largos meses, que não inala outra coisa a não ser dióxido
de carbono. Sinto-o embriagado.
Sinto o caderno às borbulhas. Tenho receio de rebentar uma
bolha e de o transformar numa bola de sabão. A pressão em cada traço delineado
nunca foi tão bem medida, como é agora. Passei horas a procurar no teto por
pequenos salpicos mas, aparentemente, esqueci-me de que este meu pequeno
caderno não se abre por quem não o abre.
Hoje, surpreendentemente, abriu e para meu deleito, tenho tinta na esferográfica. Sinto que ela quer que eu quero que ela te sinta.
Hoje estico o amarrotado. Hoje, desenleio-nos.
Hoje, surpreendentemente, abriu e para meu deleito, tenho tinta na esferográfica. Sinto que ela quer que eu quero que ela te sinta.
Hoje estico o amarrotado. Hoje, desenleio-nos.
Tenho saudade que me preenchas a palma da mão. Que me separes
os dedos e sintas os meus ossos literários.
Tenho saudades de sentir saudades quando acordo de manhã.
Tenho saudades de mim, quando te tinha. Quando nos tinha.
Tenho saudades de sentir saudades quando acordo de manhã.
Tenho saudades de mim, quando te tinha. Quando nos tinha.
Já te disse que a
minha mente tresanda a mofo?
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