quarta-feira, 21 de julho de 2010

Noite Fria


A noite já vai longa,
E eu faço-lhe companhia ao relento.
A minha escrita já se prolonga,
À medida que sopra o vento.

Leves brisas suspiram,
Sossegam-me o coração.
Os meus pulmões já inspiram,
E expiram inspiração.

Ao meu colo estão folhas finas,
Brancas e sem requinte.
Anseiam pelas minhas rimas,
Anseiam que eu as pinte.

Tal e qual como um campo de flores,
As ondas vão desabrochando.
Vão soltando os seus sabores,
À medida que vou respirando.

“Esta será a última melodia que te escrevei.” – disse eu à noite escura..
Com ternura respondeu ela: “Não faz mal, ambos sabemos que nada dura..”

Silenciosa e ardendo em frio,
Sentou-se ali, a meu lado..
Chegou-se ao meu ouvido, e proferiu:
“Sente, sente o meu legado !”

Concentrou-se em meu redor,
Deixou-me exausto e ofegante..
Roubou-me o meu melhor,
Para me dar o insignificante..

3 comentários:

  1. Já há algum tempinho que não passav por cá e confesso que tive saudades da tua escrita. Ainda me consegues surpreender através dele e este, como tantos outros, é um post sem dúvida marcante. Marcante e absolutamente lindo. Parabéns!

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  2. Bem, eu não sei como aqui vim parar, mas gostei tanto do que li :)
    Um beijinho *

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