quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cor da minha cidade


Já não tenho muros. Estão-se a desmoronar a uma velocidade louca, como se já não existisse o amanhã. Todos os muros defensivos que construí com amor e saudade, já não existem. Eu próprio já não os reconheço. Aquela cor viva e contagiante desapareceu. Deixou que a escuridão a consumisse, deixou-se pintar de preto; transformou-se no mais puro negro existente. Durante 18 anos, lutei e lutei contra a minha própria pessoa, mas parece que não foi suficiente. Hoje vejo que não foi suficiente. Hoje, no presente, olho para o passado e vejo que não era nada disto que eu queria para o meu futuro. Mas, não estarei a desejar demais? Serei eu que não me contento com o que tenho, ou será o apetite da minha mente devoradora que se está a apoderar de mim? Estarei eu a ofuscar as minhas respostas, ou serão as perguntas que me estão a enevoar? Não existem respostas possíveis para as inquestionáveis perguntas que já nascem maduras dentro deste meu ser. Não tenho soluções para o meu problema, se é que se pode realmente chamar um problema.
Não possuo o contra-ataque necessário para puder voltar a conquistar estes meus muros defensivos, se é que alguma vez foram meus..
Todas estas barreiras que criei dentro deste meu cérebro, todas as limitações que depositei na minha alma, estão hoje a sobressair. Estão a ganhar vida própria e já me começam a afectar interiormente.. Só espero é que consiga retê-las cá dentro, não deixando passar cá para fora. Mas não vou desistir, vou continuar a navegar neste rio vermelho, vou continuar a saltar de cidade em cidade, vou continuar a manter o equilíbrio entre a Mente e o Coração. Não é que a Escuridão não seja bem-vinda, muito pelo contrário. O problema é que se me alojo nessa cidade negra, ou melhor, se deixo que essa cidade se apodere destes meus campos, todos se afastarão e eu não quero isso. É devido aos que me rodeiam que luto contra o passado, continuando vivo no presente preparando-me para o breve futuro. É pelos que me rodeiam, que faço questão de repelir todas as minhas outras personalidades, moradores da cidade negra. É por eles que mantenho os soldados infinitos na linha de combate, protegendo a Mente e o Coração, cidades em que a Luz ainda reside. Cidades isoladas no meio deste meu deserto, cidades que ainda hoje lutam contra a pressão exercida pelas tropas da mais negra cidade. É por todos, que ainda suspiro para que os muros continuem em pé, é por eles, que hoje ainda sou o mesmo que conheceram ontem. Obrigado, meus soldados.





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