terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Páginas


Viro, viro, viro e vou virando páginas de uma vida, situadas num caderno imaturo, ainda por crescer. Crescer o seu número de páginas, crescer o seu vocabulário, e crescer o seu número de momentos que nele estão escritos, o número de inúmeras situações, que (ainda) estão para acontecer, que (ainda) espero que aconteçam.
Posso esperar e esperar um indeterminado tempo, à espera que tal livro se preencha, posso esperá-lo não fazendo absolutamente nada. Ou então posso fazer que tais páginas ganhem "cor", escrevendo-as eu mesmo:

Nestas páginas brancas
A escrita é iniciada;
Um escritor misterioso,
Uma escrita codificada.

Para o papel é transmitido,
A angústia do escritor;
Rimas, de certo, com sentido
E que explodem com ardor.

Nestas páginas traçadas
Com um azul azulado,
Escrevo memórias falhadas,
Que eu não consigo pôr de lado.

A intensidade da escrita é tanta
Que o papel é perfurado,
Só que esqueci-me que a tinta era branca..
E isso deixou-me descontrolado;

Acabei por partir a caneta
E rasgar estas páginas,
Elas reagiram à minha fúria
Transbordando suas lágrimas..