sábado, 17 de abril de 2010

Dear John..


"Pai, há uma coisa que te quero contar..
Lembras-te de há uns atrás, quando levei um tiro ? Queres saber a primeira coisa que me veio à cabeça, antes de desmaiar ? ... Moedas.
De repente, tenho outra vez oito anos, e estou na Casa da Moeda nos Estados Unidos. Estou a ouvir um guia a explicar como são feitas as moedas. Como são cortadas de uma chapa metálica, como são feitas as margens e chanfradas, como são cunhadas e limpas. E como todas as moedas são examinadas uma a uma, para o caso de terem passado com os mínimos dos defeitos. Foi o que me passou pela cabeça..
Sou uma moeda no Exército Militar Americano. Fui cunhado em 1980. Fui cortado de uma chapa metálica, fui selado e limpo. As minhas bordas foram margeadas e chanfradas. Mas agora, tenho dois pequenos buracos, já não estou em perfeitas condições..
Ainda assim, há mais uma coisa que te quero contar..
Um pouco antes de ficar tudo escuro, queres saber a última coisa que me passou pela cabeça ? ... Tu, eu amo-te.. "

Dear John, foi este o filme que vi hoje. O excerto que aqui está, é de uma das partes do filme.
Em outras circunstâncias, eu não estaria a fazer isto.. não estaria a retirar um excerto de um filme, postá-lo aqui e falar sobre ele. Mas é o que estou fazer, é o que vou fazer.
Nesta parte, em que o actor principal está ao lado do seu pai, que está no hospital e está deitado numa maca, ele lê a carta que escreveu. Não queria que o pai a lêsse naquele exacto momento, só queria que ele o fizesse quando já estivesse ido embora, mas decidiu lê-la ele mesmo, leu-a para o seu pai.
Enquanto a lia, ia hesitando, chorando ao mesmo tempo, mas leu até ao fim.. No momento em que disse: "Eu amo-te", o pai passou a sua mão pela cara do filho, conectando-se assim os 2 à dor que o filho transportava enquanto lia a carta. Mas não foi só ele que chorou.. eu também chorei.. Não por ser só mais um momento comovente de um filme, mas sim por estar a pensar que um dia, poderia ser eu quem estivesse a fazer aquilo. Que daqui a 3 anos, quando acabar o curso e de seguida, entrar para o Exército, acontecer exactamente o mesmo que aconteceu no filme. Eu não sou de chorar, não sou pessoa para demonstrar em público ou até mesmo sozinho, os meus sentimentos. Nem mesmo quando acabei com o maior amor que já tive em toda a minha vida, que ainda é curta, o fiz. Nem mesmo quando vi a minha avó falecer mesmo à minha frente, perante os meus olhos e sem puder fazer alguma coisa, sem puder ter feito o mínimo que fosse, o fiz. Mas o que é certo, é que o fiz perante este filme..
Chorei por algo tão simples, mas tão marcante. Sinceramente, nunca pensei, nunca pensei que esta imagem de "durão" que crio, fosse algum dia quebrada, assim, tão facilmente, como se nada fosse. Como se alguém tivesse piscado o olho para mim, e me partisse em bocadinhos, em meros cascos. Perante umas imagens bem trabalhadas e coordenadas, chorei..