terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Noite Fria




A noite já vai longa,
E eu, faço-lhe companhia ao relento.
A minha escrita já se prolonga,
À medida que sopra o vento.

Leves brisas suspiram,
Sossegam-me o coração;
Os meus pulmões já inspiram
E expiram inspiração.

Ao meu colo estão folhas finas,
Brancas e sem requinte;
Anseiam pelas minhas rimas,
Anseiam que eu as pinte.

E como um campo de flores,
As ondas vão desabrochando..
Vão soltando os seus sabores,
Nestas folhas, flutuando.

Pestanejo. Contemplo
Um desejo no horizonte.
Desenho uma ponte com exemplo
Das águas da minha fonte.

Mas sem respeito,
A noite tirou-me a caneta;
Proibíu o meu deleito
Em rimar o meu planeta.

Não se ficou. Impertinente,
Tirou-me também o caderno..
Proclamava que aquele quente
A libertaria de seu Inverno;

Desenrolou-o e docemente,
Parecia que cantava uma melodia..
Querida e eloquente,
Ia transformando a noite em dia..

Fez magia diante de mim,
E diante dela me curvei;
Prometeu ao frio dar fim,
E olhos nos olhos, a contemplei.