sábado, 26 de março de 2016

Mofo.


Ardem, no vazio, chamas monocromáticas. Labaredas geladas que transcendem o seu próprio espaço. Sinto-me como o hall de entrada de uma casa despida no coração da cidade. Doem-me as paredes, e as portas. Doem-me as maçanetas semibrancas, manchadas com a saudade do suor de quem as segurava. 
Dói-me o sangue. 
Sinto arrepios nas cortinas por cada passada larga que dão lá fora, na calçada. Ninguém chega a espreitar e, por cada alma tentada a janela é trancada. Não é que tema em ser hospitaleiro mas o que vem primeiro é o cheiro, e a minha mente tresanda a mofo.
De luz apagada, respiro.