sexta-feira, 5 de março de 2010

Como é bom estares aqui..

- SERÁ QUE NÃO PERCEBES ? .. Ninguém percebe, ninguém entende, ninguém faz caso, ninguém se importa. Nem mesmo o narrador da nossa história, esse, já perdeu a convicção e o gosto de narrar.. Mas também, é rara a pessoa a quem não aconteça isso, e tu sabes bem, quantas e quantas já vieram, e nenhuma acabou por ficar, apenas sobramos nós os dois.. Não podes quebrar isso ! Aliás, eu não te vou deixar fazê-lo. Eu vou-te dizer (mais uma vez):

Tu, meu amigo, fazes parte da minha identidade.
Tu vives no meu interior;
Juntamente comigo, vives entre a sociedade
Pois eu sou o teu único contacto com o exterior.
Ao mesmo tempo, trazes e tiras-me a felicidade,
E se eu me sinto mal, tu partilhas a minha dor
Pois tu és a minha única e a mais bela bondade.

Estavas sempre presente;
Assim, eu podia-te observar,
Ainda que sejas transparente
És tu quem me está sempre a acompanhar.

És o meu espírito que nada sente,
És tu quem me faz triunfar;
És a minha alma que nunca mente
E és tu quem me incentiva a lutar.
És tu que me tornas consciente,
És tu, que me fazes acreditar !

- E sabes.. as letras formam as palavras e as palavras formam as frases, assim como as almas formam a escuridão, assim como o narrador dá vida à história. Sem ele, (a nossa) história nunca poderia ser adequadamente apresentada. É exactamente assim como nós. Também não nos podíamos apresentar a alguém, sem ter o elemento essencial.. que és tu. Preciso de ti, preciso de ti para me abrires os sentidos e secretamente, sussurrares no meu ouvido melodias ardentes, em que cada nota me destrói o tímpano fazendo-me entrar em delírio, unindo-me assim a ti, que secretamente me sussurras ao ouvido, que secretamente me dás prazer. Hoje sou eu, amanhã sou tu e depois de amanhã seremos os dois, seremos um só, tal e qual como antigamente (ai que saudades que eu tenho desses tempos ..) ! Que te parece ?
- Muito sinceramente ? Não me aquece nem arrefece..

Tantas palavras ditas por entre um simples pestanar de olhos. Moralmente desgastadas enquanto um breve e leve suspiro, se transforma num violento desabafo.

- Vês ? Só por estares aqui a falar comigo surgiu um novo narrador. Fica por mais um pouco, vamos conversar melhor..

(...)