terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Noite Fria




A noite já vai longa,
E eu, faço-lhe companhia ao relento.
A minha escrita já se prolonga,
À medida que sopra o vento.

Leves brisas suspiram,
Sossegam-me o coração;
Os meus pulmões já inspiram
E expiram inspiração.

Ao meu colo estão folhas finas,
Brancas e sem requinte;
Anseiam pelas minhas rimas,
Anseiam que eu as pinte.

E como um campo de flores,
As ondas vão desabrochando..
Vão soltando os seus sabores,
Nestas folhas, flutuando.

Pestanejo. Contemplo
Um desejo no horizonte.
Desenho uma ponte com exemplo
Das águas da minha fonte.

Mas sem respeito,
A noite tirou-me a caneta;
Proibíu o meu deleito
Em rimar o meu planeta.

Não se ficou. Impertinente,
Tirou-me também o caderno..
Proclamava que aquele quente
A libertaria de seu Inverno;

Desenrolou-o e docemente,
Parecia que cantava uma melodia..
Querida e eloquente,
Ia transformando a noite em dia..

Fez magia diante de mim,
E diante dela me curvei;
Prometeu ao frio dar fim,
E olhos nos olhos, a contemplei. 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Bloco de Notas







Por entre as rimas,
Revelo segredos roucos;
Aos poucos, engordo as finas
Folhas de cadernos loucos.

Deposito verdades, vontades,
Prazeres dos meus sonhos.
Deposito manhãs, tardes,
Gritos do peito medonhos.

Enfadonhos encontros,
Aqueles que tenho comigo...
Duras visões, duros contos,
Discussões com o meu umbigo.

Tive reais contemplações,
Nos passados passados.
Em simultâneo, presentes lições
Em tempos mal conjugados.

Convulsões sentimentais,
Surreais desilusões...
Emoções paranormais
De irreais ilusões.

Em mim são memórias,
No caderno, lembranças.
Mas ambos, expiramos histórias
De frequentes mudanças.

Vivo mas pressinto,
Que um labirinto me esconde;
Falo com o que sinto,
Mas ele nem me responde;

Ego demasiado alto,
Para dizer seja o que for,
Mas sentimento em sobressalto
Não passa de escritor.

Tem que ser cantor,
Se quiser ser sentido;
Jà não basta escrever amor
Nos diários do ouvido.



Todos nós somos iguais/diferentes,
Cada um com o seu problema.
Já o meu, são os medos frequentes
Que me criam um dilema:

Um dilema que esfria,
Que escurece o meu planeta;
É o receio que um dia
Se acabe a tinta, desta caneta.

domingo, 20 de novembro de 2011

Vagueios


Dias. Acumulam-se dias atrás de dias, sem tinta alguma aproveitada. Textos atrás de textos que escrevo nesta minha mente, que no dia a seguir, se contradizem por completo. Suponho que tenha escrito por toda a minha cara, pontos de interrogação. Talvez seja por isso que me dói tanto olhar ao espelho. Talvez seja por isso, que me custa imenso olhar para dentro de mim. Os órgãos vitais que me comandam, aqueles que falam com a minha consciência, estão neste momento, em completa dessincronização. O de cor vermelha, emana uma vontade tremenda em partilhar uma paixão que já transborda fora do pote. No lado oposto tenho o de cor cinzenta, que quase que me obriga a procurar aquela pessoa que denomino como perfeita para mim. Se eu ao menos ainda soubesse onde ela eventualmente poderia estar, talvez este meu coração acalmasse.
Tento ao máximo, dar tudo de mim a todos os que me rodeiam. Tento manter contacto com todos, mesmo com aqueles que chego a não falar durante semanas. Tento fazer transparecer que está tudo bem, quando na minha realidade não está. Chego a dar por mim a escrever coisas no caderno que nem sei o porquê, de as ter escrito. Rasgo a folha e fico a olhar para a seguinte, a pensar o que vou escrever. Aproximo a caneta da folha quando mais uma vez, dou por mim a fazer o que realmente não quero.
Sempre me disse a mim próprio que queria viver uma vida diferente, ir para outro país e começar algo que nunca antes comecei. Ser um completo desconhecido de todos, e pouco a pouco ir conhecendo-os aqui e ali. Tenho a certeza que se o fizesse, iria encontrar o que me falta. Talvez aí, o número de folhas rasgadas diminuísse. Talvez aí, já não fosse preciso baixar o volume da música para conseguir ouvir os meus pensamentos. Talvez aí conseguisse ouvir os meus pensamentos na minha própria música, ou por outro lado, os conseguisse ouvir noutra pessoa.

domingo, 4 de setembro de 2011

Rhymes

Hoje em dia, é difícil criar algo novo,
É difícil agradar aos gostos do nosso povo;
Já está tudo feito, praticamente tudo inventado,
Inteligentemente pensado para que já nada seja criado.
Evoluímos à velocidade do som, sem pensar nas consequências,
E hoje vivemos entre um povo que já só vive de aparências.
Cheios de dependências: sufocam sem o habitual perfume;
Se não há dinheiro, pedem emprestado para beber o chá do costume.
É uma vergonha, não sei como é que somos assim,
Sei é que há muitos que desejavam os restos no fim.
E nós aqui, a viver à grande e à portuguesa,
A trocar valores essenciais por produtos de beleza.
Mas bem, não me serve de nada estar a criticar a multidão,
Não vou ter ganhos extra a não ser um bom serão;
Diverto-me a ver, mas também luto pelo impossível,
E às vezes nem suando conseguimos subir de nível.
Sou sincero: vejo-me preso nesta cave,
Enquanto uns vivem no topo, eu nem da cave tenho chave.
Tento ser criativo, mas o mundo já tem demasiado,
Está repleto de parvos que cantam um fado que nem é fado.
É complicado, navegar afastados do naufrágio,
Pois escrevemos uma rima e já afirmam que é plágio..
Mas que se lixe, se é para viver, então que se viva,
Tratem a vida como queiram, mas não como uma diva..

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Metáforas


Um caderno, folhas em branco e uma caneta. Um calendário sem marcações, sem deveres nem obrigações. Ar livre e por fim, alguém que me faça pegar numa caneta. Alguém que me faça abrir um caderno e, na folha certa, me faça escrever o que nunca antes escrevi. Isto, é tudo o que peço, é tudo o que sempre irei pedir.
Tenho pena de ter perdido tanto tempo, de olhos fechados e mudos, e de ouvidos cerrados e surdos. De todos os dias, ter que descer à minha cave para alimentar um desejo, que afinal, só precisava que lhe abrissem as janelas e que o deixassem respirar. Tenho pena, de não ter arejado a casa mais cedo. Mas claro, não vale de nada apenas fechar o passado dentro de um armário, a sala onde ele se encontra também tem que ser selada. E quando as saudades exigirem visitarem essa sala, talvez seja melhor entrar lá dentro com aqueles fatos especiais, não vá o passado querer outro abraço.
Não escondo que passei muito tempo fechado dentro desta minha residência. De portas trancadas e de cortinas fechadas, para que ninguém me pudesse ver. Com tudo desarrumado e espalhado por toda a parte, como se a vontade nunca tivesse vivido comigo. Mas o sítio mais desarrumado de todos, tirando o quarto, era o sótão, sempre foi. Esse meu velho lugar, estava repleto de tralha até ao topo, cheio de coisas insignificantes. Mas a paciência era escassa, e eu em vez de a tentar recuperar, troquei-a por descanso. Troquei-a por horas de volta dos meus velhos cadernos, sentado numa poltrona, que acabou por adquirir a forma do meu corpo.
Escrevi e escrevi. Escrevi sobre tudo, praticamente tudo. Sobre a vida, sobre a morte, sobre as pessoas, os animais, sobre a terra e sobre o mar. Até sobre as almofadas, essas que independentemente do que se passava, sempre se mantiveram fiéis, prontas para me amparar. Mas para além de escrever horas a fio, para além de tentar reflectir sobre tudo, a ambição de evoluir a escrita também existiu, e ainda existe, como é óbvio. E pessoalmente.. acho que não evoluí coisa nenhuma.
Depois de tanto tentar escrever com primor,
Ainda me acho principiante, um aspirante a amador.
Tento evoluir, superar e subir de patamar,
Mas nem o rés-do-chão sinto ultrapassar.
Talvez esteja,
A ser modesto em demasia,
Ou talvez seja,
A ser mais parvo do que devia.
Mas suposições, é o que tenho em maioria,
Deitam-se comigo e acompanham-me todo o dia.

Mas sabes o que te digo, meu velho caderno ? Não desistas, que eu também não. Com certeza vai aparecer alguém que sirva de ambi-pur para esta velha casa. E que bem que está a precisar, não achas ?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Paris.


Quem me dera, puder saber desenhar,
Transformar uma cidade do tamanho de um polegar.
Mas a Cidade da Luz, é algo diferente,
É algo de misturas, é algo fria, algo quente.
Não literalmente, mas uma metáfora que não é para toda a gente.
Eloquente, presente e com história,
E tem um jeito único, que seduz a memória;
Detalhada, versátil, grande e maravilhosa,
Com tons em cinzento e com um aroma a rosa;
Escrita em prosa, é uma verdadeira artista,
Arrepia-me e apela à minha veia de liricista.
Viro alpinista, cada vez que a inspiro,
Nascem-me sonhos que, de seguida, fogem num suspiro.
Novamente, inspiro, expiro,
E lentamente respiro, despejando o suspiro neste caderno de papiro.

Improvisos 6

São 05:12 da manhã, do dia 21 de Agosto,
Viajo à luz da lua e com algum sono no rosto;
Longo é o caminho, e curta é a estadia,
Na casa de alguém de quem me orgulho hoje em dia.
Vai demorar cerca de um dia, a chegar a Paris,
Mas só pelo facto de lá ir já me deixa feliz;
Afastar-me daqui, inspirar outro ar,
Mas levo saudades dos amigos que irão ficar.
Quem me dera, pudê-los trazer comigo,
Aquele grupo reservado que é mais que o seu umbigo.
E estou a incluir os recentes, aqueles decentes cientes,
Aqueles que para este meu rio, já são afluentes;
Influentes, todos eles e elas são importantes,
Marcantes, desempenham o papel de constantes.
Bom, parar com as lamechises e dormir um bocado;
Porque a viagem é longa e já estou desgastado..
Até breve minhas folhas, meu caderno, meu confidente,
Peço desculpa, mas vou ficar um bocado ausente.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Survivor


No meio de tantas explicações subjectivas, de tantos termos e frases metafóricas, no meio de tanta frase bonita e bem constituída, no meio de todas estas palavras que muitos acham fúteis, eu encontro-me com prazer. Encontro-me em plena sintonia com o corpo e a mente. Com o coração, esse que outrora se contorcia todo com um desejo monstruoso a cintilar nas suas íris, acalmou. Finalmente encostou-se à confortável poltrona que, juntamente com o resto do imobiliário, enfeita o maior dos salões existentes nesta minha casa.
Por cima das portas de vidro desse salão, na faixa de madeira, encontra-se, escrito a encarnado, o teu nome. Nome esse que no passado foi muito pronunciado, por mim. No presente, nos dias que passam hoje, nas horas que correm, nos minutos que saltam e nos segundos que esvoaçam, é pronunciado não com tanta frequência mas com bastante mais firmeza, com bastante mais clareza. E talvez isso seja fruto de tudo o que fiz: de todas as jogadas, de todos os erros, de todas as coincidências.
Confesso que um dos erros que cometi, foi o que mais me deu trabalho a planear, o que mais me ocupou a cabeça com uma coragem que obrigava não só a afastar-te, como a deixar-me cair num poço cheio de culpas e remorsos. Afoguei-me nele, e ao afundar-me cada vez mais, a tua presença no topo desse poço ia-se tornando cada vez mais distorcida. Mas ainda bem que o fiz, ainda bem que me afoguei e que te afastei propositadamente. Ainda bem que nos deixei crescer como pessoas. Se olhares para trás, e comparares com o que és hoje, com o que sou e com o que fui, embora não concordes, reconhecerás o quanto crescemos nas nossas vidas. O quanto os nossos salões foram crescendo. Pessoalmente e honestamente, digo que, nunca tive, não tenho e nunca terei um salão tão grande como o que tu construíste dentro de mim.
Passou muito tempo, isso é um facto, mas o que também considero um facto é o facto de que as portas da tua grande sala nunca se terem fechado. Entreabertas, emanando pela casa a fora, um cheiro inconfundível, permaneceram sempre assim, entreabertas.
Como referi passou muito tempo, mas mesmo passando tanto tempo, o maior salão da minha casa permaneceu intacto. E numa noite não muito distante dos dias que passam hoje, ouvi o volume de uma música ser aumentado. Saí do meu canto e segui a melodia, que tocava de forma suave e doce. Vinha da grande sala; abri as portas, já entreabertas, e senti. Senti o teu cheiro a envolver-me, senti as memórias a confortarem-me por completo. Senti-te.
Entrei, e sentei-me no chão, de luzes apagadas e com um lápis e um caderno a cintilarem nas minhas mãos. Meti o lápis entre a mão, e rabisquei o caderno:


Passam anos, renasce a vontade,
Uma realidade que já ultrapassa a irmandade.
Mas tornou-se verdade, mesmo sem planos,
E com honestidade desejo que não haja danos;
Sem enganos, escrevo de coração,
Com a pura emoção que renasça relação;
Uma continuação, um muro mas duro,
Pois hoje sou maturo para construir um futuro.




Agora peço-te, e juntamente a este pedido peço também a mim próprio: Não deixemos este salão apanhar pó e envelhecer. De mim, aqui vai a electricidade que precisas, para manter o salão aceso, mas desta vez, de janelas e portas completamente abertas.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Contraditório


Para ser sincero, nem sei por começar este texto; Sem título, sem assunto, sem objectivo. Sem introdução, sem desenvolvimento e sem conclusão. Estou indeciso se deverei escrever algo abstracto ou concreto, se deverei escrever algo amador ou algo com algum profissionalismo. Estou isento de criatividade, e acho que isso se deve ao facto de andar na corda bamba entre mundos paralelos. Sempre a saltitar de um mundo para outro, ora vendo-me em 1ª pessoa, no meu próprio corpo com os meus próprios olhos, ora vagueando à volta desse mesmo corpo, que de vez em quando está em minha pose.
Parece que com o que se tem passado ultimamente, tenho estado mais distante das certezas que tenho sobre mim, sobre quem sou. Parece que todas as barreiras que tenho metido na minha mente, se têm vindo a quebrar de uma forma estranha, e isso tem perturbado todo o meu ser. Tenho menos controlo das minhas emoções. Tenho sentido o tempo mais severo; As horas mais longas e a temperatura mais à flor da pele.
Todas as noites, o frio tem se debruçado sobre mim. Tenta refugiar-se da escuridão que o rodeia, tentando achar em mim um abrigo. Por entre as mantas que me cobrem, ele tenta entrelaçar-se, enroscando-se confortavelmente junto da minha pele. Como proprietário da cama e fervendo em simpatia, faço questão de lhe oferecer não uma boa, mas uma forçada boa hospitalidade. Dá-me a sensação que esse mesmo frio, que me abraça suavemente todas as noites, me está a querer dizer algo. Algo que eu sinceramente, desejo que não seja verdade. Talvez seja confuso tentar-me perceber, mas acho que nem eu, neste momento, apesar de já conviver com este “frio” há algum tempo, consigo compreender o porquê de se estar a intensificar.

É certo que a acção de escrever me completa o interior. Sacia-me o desejo de poluir a atmosfera com gritos ruidosos, que tendem a desgastar-me as cordas vocais. Escrever dá vida a uma cascata de emoções que se reproduzem ao sentirem a brisa destas folhas brancas, que ruidosamente suspiram, como se as minhas palavras em queda livre fossem a ração indispensável à sua sobrevivência.
Estou-me a sentir bastante bem enquanto pinto esta página que à momentos estava branca. Dá-me a sensação que as barreiras voltaram ao sítio e que me sinto mais estabilizado. Desconfio que não seja só pelo facto de estar a escrever, mas também por alguém se ter pronunciado novamente nos meus sentimentos. Parece que acordou algo que eu estupidamente adormeci em tempos antigos. Parece que agitou o que eu tinha imobilizado nesses mesmos tempos.
Sim, só o facto de pensar em fazer renascer algo que fiz morrer no meu passado, me está a fazer extremamente bem. Espero que essas cinzas também estejam dispostas a renascerem.
Renasce, minha Fénix.

domingo, 3 de abril de 2011

São vidas.


Ainda resides, nas notas deste instrumento,
Eu tento esquecer mas não consigo avançar o tempo;
Os ponteiros estão parados, nenhum dos 3 respira,
Mas inspiram esperanças que um dia eu te inspira;
Já disse tudo, o que havia para dizer,
Escrevi textos e poemas mesmo sem puder;
Passei todos os dias, a tentar seguir em frente,
Passei horas contigo e nem disso estás ciente;
É frustrante, amar quem não nos ama,
Decoramos o vazio que preenche a nossa cama.

Peço desculpa, se te dei preocupações,
Se realmente o fiz então peço-te mil perdões.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Irmão


Para muitas pessoas, senão para a maioria, é preciso que haja uma “data especial” para se abrirem e dizerem o quanto gostam de outra. Maior parte desses acontecimentos têm como palco os aniversários, sejam eles aniversários de amizade, de namoro e dia de anos. Mas o que é certo, é que o que essas pessoas dizem e escrevem à outra nessas “datas especiais” acaba sempre por ter uma fatia de verdade, independentemente do tamanho ou da qualidade dos textos e palavras.
Neste caso, o aniversário trata-se de uma data de anos, em que tu és o aniversariante.
Provavelmente sabes que eu até não sou destas coisas, de escrever algo sentimentalista quando uma “data especial” se avizinha, pois quando sinto que tenho que escrever algo importante para outra pessoa, simplesmente escrevo e entrego, sem necessitar de uma data que me dê luz verde para o entregar. No entanto sinto necessidade de o fazer, e quando sinto sabes que eu não hesito, portanto estou a escrever neste preciso momento, para ti. E Tirando todas as rimas que já te dediquei em situações de brincadeira, como aquelas que de vez em quando costumamos ter, as tais “batalhas de rimas” entre ti e mim, tu sabes o valor que tens sem necessitares que o diga directamente, pois tenho a certeza que indirectamente, reconheces esse mesmo valor que de forma subliminar eu exalto em relação à tua pessoa. Há muito tempo que funciono em tua prole, embora pensasse sempre que nunca o faria por ninguém, nem mesmo por um membro do meu próprio sangue. Mas de alguma forma tu conseguiste quebrar esse meu pensamento e entranhares-te nestes meus órgãos, dando-lhes uma vitamina como só tu consegues dar, embora possas não ter consciência disso. Cada dúvida e cada questão sobre como me movimentar em relação a certos assuntos, eu sinto a plena necessidade de partilhar contigo, pois sei que de ti irei ouvir a minha consciência e a partir de ti, irei ter as certezas necessárias para dar os passos em frente que mais necessito.
És das raríssimas pessoas com quem eu mais me identifico, onde a taxa de semelhança ultrapassa os 90%. Atrevo-me a dizer que és as peças restantes que o meu puzzle necessita para se sentir completo, para se sentir perfeito nesta atmosfera de imperfeições.
À parte de tudo isto, só te quero dizer que estarei sempre aqui, independentemente do que aconteça. Que estarei sempre disposto a suavizar as tuas quedas, porque tu meu irmão, vales o esforço. ♥

quinta-feira, 17 de março de 2011

Meu mar


Se fosse pelo estado das águas, eu jamais remaria..
Se fosse pela noite ou pelo dia, eu jamais navegaria.
Jamais desatracava, se fosse pelo sol ou pelo vento;
Jamais navegava, sem me ter como alimento.
Assim me apresento, como o leme do meu navio;
Enfrento e aguento, este mundo que é bravio.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Improvisos 5


Olho para as folhas,
Observo as suas cores;
Visualizo muitas escolhas,
Menos os seus sabores.

As qualidades estão escondidas,
E eu tenho medo de escavar;
Sou pessoa de 7 vidas,
Mas não sei ressuscitar.

Considero-me ciente,
Mas no fundo vivo na lua;
Tenho o passado no meu presente,
Mas o futuro é o que me atenua.

A caneta é o transporte,
Que me transporta até às rimas;
E o caderno é o suporte,
Que suporta as minhas sinas.

Escrevo e escrevo,
Sem cansar nem fartar;
Cada letra cada relevo,
Cada palavra cada luar.

Luar que me ilumina,
Que só brilha quando há Sol;
Só quando há vitamina,
É que eu me drogo em sua prole.

De momento estou às escuras,
Aguardo a próxima luz;
Aguardo a pura das mais puras,
Aguardo a cura da minha pus.

No entanto sei bem,
Que tudo tem uma solução;
E se a luz brilhar a cem,
Eu brilharei sem hesitação.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Improvisos 4


A minha mente foge; o meu coração bate a mil,
E onde tenho que ser bruto só consigo ser gentil..
E isso por vezes é mau, obedecemos a tudo e todos,
Vamos nos transformando de Sargentos a Cabos loucos !
Isto é verdade.. é como eu me sinto,
Só me apetece fugir e mergulhar em absinto !

Mas sê inteligente, não faças o que eu faço,
Mas aponta cada passo que dou em direção ao embaraço;
Afoga-te em Absinto, mas não caias no labirinto,
Cuidado com esse caminho que só ilude o teu instinto;
Ofusca-te a visão, confunde os teus sentidos..
Portanto escolhe uma opção que te permita ter amigos.
Mas não faças amizade, nem com a seringa nem com a bebida,
São amizades mortais que só te vão roubando a vida !
Pensa duas vezes no caminho que segues,
Trabalha em trabalhos que sejam bem empregues.
Obtém um diploma, orgulha-te no teu estudo,
Grita com coragem e não finjas ser um mudo !
Constrói-te, sê arquitecto do teu destino,
Traça o teu caminho mesmo que vires peregrino.

domingo, 30 de janeiro de 2011

D-Prisão


Tenho a dizer que sou só mais um. Que sou só mais um prisioneiro no meio de tantos outros que procuram conseguir a sua liberdade. No entanto, a minha prisão é outra. Digamos que de um certo modo, está relacionada com o quotidiano, pois afecta-o de forma directa e intensiva. Prisão essa que estende as suas grades de ferro em redor deste meu corpo que digo ser minha propriedade. Prisão essa que me aprisionou a alma em troca de desejo, de amor e pureza. Talvez a minha sede por paixão tenha sido a principal causa para esta sucedida consequência, mas não o consigo dizer ao certo, pois de certezas estou isento. Isento de certezas, mas sobrelotado com perguntas e questões, que insistem em desenhar um ponto de interrogação com cor de dúvida nesta minha mente, já afogada em imagens tuas. Todas as paisagens que os meus sonhos produzem, que os meus olhos reproduzem e o meu desejo cria, são frutos do panorama que contigo quero criar. Panorama esse responsável pelo meu aprisionamento no teu ambiente, que inconscientemente criaste dentro de mim.
Existiram (e ainda existem) palavras que queria (e ainda quero) dialogar contigo. Existiram (e ainda existem) textos que queria (e ainda quero) mostrar à tua pessoa. No entanto, essas mesmas palavras já foram dialogadas e os textos entregues, e o problema está mesmo aqui. Está tão aqui que esta minha sede cresce cada vez mais, pelo menos até encontrar uma barreira que sacie esta mesma sede. Mas não, não estou saciado e nem nunca vou estar, e sabes porquê? Por uma simples razão que pode ser resumida numa só palavra: Perfeição.
Hoje em dia, tal como no passado e nos breves futuros, a perfeição ainda é considerada como a essência inalcançável, como a mais perfeita taxa de impossibilidade já alguma vez criada, se é que realmente existe. Portanto, deixa-me dizer-te que, mesmo tendo noção de que a perfeição pode não existir, aquela que tu inconscientemente criaste em meu redor é perfeita em todas as formas e maneiras, em todos os sentidos. É de tal forma perfeita que me deixa colorido de dúvidas e suposições. Talvez o que sinto, não seja o mais adequado para se sentir, visto que as nossas linhas permanecem paralelas. Eu bem tento criar algo inverso em relação a esse mesmo paralelismo, mas não é fácil criar linhas perpendiculares no meio de tanta questão, acredita que não é, pois perco-me no labirinto que por mim é criado.
Perante tantas palavras e desabafos, o que realmente quero que percebas é que não quero uma resposta de mão beijada, embora possa ser isso que possas deduzir. Não quero um “Não” nem quero um “Sim” por assim ditos. Quero argumentos e fundamentações que argumentem e fundamentem essas duas simples palavras. Quero uma resposta lógica, construtiva e coerente, não uma que contenha só duas palavras. Como podes apurar, é óbvio que o que mais desejo é um “Sim”, mas não um com uma auto-estrada onde a via verde está incluída, ou seja, não quero uma afirmação que de seguida proporcione uma relação. Quero conhecimento mútuo entre os nossos seres. Quero troca de ideias e pensamentos, de opiniões e suposições, de sabedoria e cultura. Quero conseguir proferir palavras fora destas tuas grades que me aprisionam.
Desde 24 de Setembro que estou nesta cela. Preso no teu cheiro e na tua imagem, preso no teu ser. Mas a quantidade de correntes não é tão grande como é nas palavras que ainda não me direccionaste, e é por isso que também estou preso na tua resposta. Aliás, é mesmo na tua resposta onde existem mais correntes e onde elas são de maior espessura. Não sei como vieste dar à minha rua e nem faço ideia como descobriste a minha casa, mas realmente é que o fizeste inconscientemente. Bateste à minha porta de tal forma que a despedaçaste por completo, e com a tamanha suavidade que o fizeste, também acabaste por me quebrar as janelas. Eu só gostava que pudesses ou quisesses pagar a indemnização, mas se realmente não podes ou não queres, não faz mal, eu peço um empréstimo à banca. Mas parece mentira. Parece mentira que algo tão abstracto, se tenha tornado em algo tão concreto dentro de mim. Que se tenha alojado de forma tão suave e tão confortável, nesta minha casa temporária. Mais parece que veio para ficar, pois entrou como se já conhecesse todos os cantos, todas as minhas fraquezas. Parece mentira, que algo tão teórico se tenha tornado em algo tão prático, tão físico. Tão intensivo que me comprime o peito cada vez que ouço o teu nome. Tão forte, tão cheio de vida que me esbugalha os olhos cada vez que te vejo. Tão especial, tão anormal que por vezes, chega a roubar-me palavras e a impedir que o ar circule pela garganta. Garganta essa ansiosa por apaziguar o desejo que em mim reside. Desejo esse residente num mundo que não controlo, embora queira. Mundo esse tão irreal, tão impossível que de nome é desconhecido. Mundo esse que por ti foi criado, trabalhado e enfiado neste salão, neste órgão cuja cor sanguínea foi delineada por ti. Pelas palavras que me diriges e pelos olhares que me ofereces. No entanto, tudo isso foi pouco e não como desejei, embora o meu desejo esteja muito para além da minha própria compreensão. Tão para além de mim que me obriga a vaguear em folhas brancas. A gastar horas de voos aéreos à procura de meras palavras, que consigam descrever esse desejo. Foram nuvens rasgadas, pára-quedas desarrumados e quedas aparatosas consequentes desta minha aventura que és tu. Aventura essa que deve ser diabética, pois adoça-me de uma forma tão doce, que me obriga a querer a tua insulina.
Desculpa-me estar a mencionar tudo isto, mas se parares, fechares os olhos e inspirares fundo vais ver que me consegues sentir. No entanto, apesar de todas as palavras que aqui estão escritas, eu sei que consigo dar-lhes muito mais brilho pois sei que para uma Luz é preciso um brilho digno.


Um beijo, Débora.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

D-mais


Na cama estou deitado,
Debruçado sobre o caderno.
Quem me dera ser amado,
No frio deste Inverno..

Estou dentro desta cama,
Mas isento do seu calor;
Preciso da tua chama,
Preciso do teu amor.

Eu sinto e desejo,
Acordado ou a sonhar;
És tu quem eu vejo,
Nos meus sonhos ao acordar.

Na mão tenho a caneta;
Um instrumento eloquente;
És tu quem escreve a letra,
Da música do meu presente.

És a luz erudita,
O desejo que me ilumina;
A razão da minha escrita,
A vitamina que me domina.


Não sou religioso,
Mas ouve as minhas preces;
Preces de um ser fogoso,
Que flameja quando apareces.

A minha mente deseja,
Por aquilo que não sou dono;
A minha alma flameja,
Pela coroa do teu trono.


Eu sei que não sou muito,
Mas sei que o posso ser;
Não te posso dar o mundo,
Apenas o meu saber.

É certo que sou realista,
E não um sonhador;
Não sou um idealista,
Que ama sem amor.

Na tua visão,
Secalhar sou só mais um;
Na minha és a razão,
A que se diferencia do comum.


Perco-me na interrogação,
Sem respostas para me dar..
Eis a dúvida, eis a questão:
Será que vale a pena alimentar ?

domingo, 9 de janeiro de 2011

D.


Quero ser o teu lume,
E arder no teu castelo;
Quero ser o teu perfume,
E gabar-me de ser tão belo.

Quero ser as tuas chamas,
O fogo das tuas cores;
Quero ser os panoramas,
A paisagem dos teus amores.




Os dias passam, e a cada dia escrevo mais,
Posso repetir as palavras mas elas nunca são iguais;
Até agora, todas as que escrevi é por ti que as escrevo,
E faço isso porque encontrar-te foi como encontrar um trevo;
No entanto, tu és muito mais comparada a uma planta,
Se for procurar outra, não vale a pena pois de nada adianta;
E digo isto, porque num grupo de 10 mulheres,
Eu consigo-te ouvir digas o que disseres;
Aconteça o que acontecer, eu não te vou ignorar faças o que fizeres,
Mas se o teu desejo é não me ver, eu irei embora se assim o quiseres..
Se não, se não for essa a tua vontade,
Eu cá estarei, pronto a amar-te de verdade.