quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cortina de Fumo.


Deixar-te-ia desconfortável se confortavelmente me encostasse a ti?

Estou entediado e chateado, até no puf me sinto fora de sítio. Já vou no 3º cigarro e continuo a não conseguir decifrar esta chuva. Gotas atrás de gota vão-me salpicando os ténis, cordão a cordão. De vez em quando resmunga o vento, projectando as cujas encharcando-me a cara. E eu, resmungo-lhe de volta.
Sinto-me sem jeito. Desconfortável. Tenho o cérebro tão enleado como os nós de cabelos presos no ralo da banheira. Não sou de fases mas esta tira-me a vontade de me passar a ferro; de me compor. De me recompor. De dispor de boa disposição para me pôr direito. Correcto, no caminho certo. Em linha recta nas linhas férreas, como costuma ser habitual. Actualmente a tranquilidade é incerta. A vontade é inerte.

Levanto-me. 
Olho para trás e ali estás tu, sentado no puf. 
Que sensação estranha... Fui eu que já cá estive ou foste tu que já cá estiveste? Não sei se já reparaste, mas, o cigarro derreteu. Estranho... Verte fumos que te embaciam a alma. Sabores que a deixam calma enquanto a névoa.
Tenho a saliva embriagada com sabor a tabaco, no entanto nunca fumei. 

...Deixar-te-ia desconfortável se confortavelmente te perguntasse quem és?