terça-feira, 23 de março de 2010

Abismo


Fotografia por: Nuno Ferro ( http://br.olhares.com/abismo_foto511295.html )

Debruço-me perante este abismo,
Escuro e aterrador.
Onde só existe maldade e sinismo,
Onde não existe nenhum amor.

Vou caíndo e caíndo,
Cada vez mais depressa.
Vou sentido e vou fingindo,
Que para a minha ferida, não existe qualquer compressa.

Ao mesmo tempo que vou caíndo, ouço os tambores,
Que produzem o som da liberdade.
Ao mesmo tempo que vou fingindo, cheiro os sabores,
Que me fazem fugir da realidade.

Lá em baixo, vejo um demónio, que das cinzas renasceu,
Meio doente, meio aleijado.
Devido a ele, todo o mundo estremeceu,
Com medo e fraquejado.

É estranho, pois o fundo parece espelhado..
Parece o meu reflexo, igual, mas desfocado..

Desta vez, a ele me irei unir,
Seremos como um só !
Desta vez, os dois vamos emergir,
Sem piedade nem dó.

Meu abismo mais que secreto,
És o meu refúgio entre a escuridão.
Sem ti, nada seria concreto
Nem mesmo a solidão..

Por fim, cumpro a promessa,
Que por ti me foi passada.
Entre nós, será secreta
E para sempre será sagrada..