sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Sobrenatural

Em tempos, quando era criança, tive, tanto nos dedos como no joelho e na orelha, aquilo a que se chama de "cravos", aquelas "bolhas"..
Era o que mais odiava na vida, não gostava, não gostava de me ver com aquilo, sentia-me esquisito..
Até um dia que os meus pais me disseram: "Meu filho. Reza, reza muito à Nossa Senhora, pede-Lhe que faça desaparecer esses malditos cravos, que tu tanto odeias."
A verdade, é que eu não acreditava em Deus, nem muito menos na Nossa Senhora, e ainda hoje não acredito.
Depois dos meus pais me terem dito aquilo, do dia para a noite, quando acordei na manhã seguinte, os tais "cravos", tinham subitamente desaparecido.. até me cheguei a questionar se o que me estava a acontecer, era algum sonho ou coisa do género, mas não.. era a realidade, aquelas coisas tinham-me desaparecido das mãos, do joelho e da orelha.

Mas eu conto o que aconteceu.
Não foi de nenhuma "fé" que (eventualmente) poderia, na altura, ter. Nada disso. Até porque eu não acreditava em nenhuma dessas "divindades".

Nessa mesma noite, eu tive um sonho/pesadelo. E ainda me lembro como se tivesse acontecido a noite passada. Nesse sonho/pesadelo, eu encontrava-me numa estrada, sozinho. Passado um tempo, começo a ouvir vozes, e a ver sombras. Eu não sabia o que era, tava assustado. Até que uma dessas sombras, se chegou atrás de mim, e me sussurrou as seguintes palavras:

- Tu queres que esses cravos desapareçam do teu corpo, não queres ?
- Sim quero, é o que mais quero nesta vida - respondi eu -
- Eu consigo fazer com que essas marcas desapareçam, mas para isso, terás que fazer um pacto..
- Que pacto ?!
- Se queres realmente que tais cravos, te desapareçam do corpo, se eu fizer com que isso aconteça, tu, terás que carregar um "fardo", para o resto da tua vida. E garanto-te, que não vai ser fácil..

E eu sem pensar duas vezes, aceitei tal "pacto". Eu nem sabia se aquilo estava realmente a acontecer, afinal, era só um sonho.. ou talvez um pesadelo ?
A verdade, é que na manhã seguinte, não tinha nada. Estava "livre" daquilo que mais me incomodava..
E ainda hoje, carrego tal "fardo", ainda hoje, todos os dias e todas as noites, para onde quer que vá, sinto-me observado, sinto-me "marcado" por olhares que eu sei, que não são pessoas, mas sim outra coisa.. Ainda hoje, eu me deito à noite, olho para o escuro, e vejo, sinto, que está alguém ali. Fico imóvel, com o olhar fixado para tal personagem, à espera que faça o mínimo movimento que seja..

Isto é bastante verdade, não estou maluquinho. Não estou a contar uma história que acabei de inventar. Não.. Isto aconteceu mesmo.
Mas também é verdade que, nós não estamos sozinhos neste mundo. Há mais alguma coisa, existe mais para além daquilo que conseguimos ver.