sexta-feira, 21 de maio de 2010

Submundo


Por vezes, encontro-me tão, mas tão dentro da escuridão, que deixo de ver o meu fluxo de vida. Deixo-me de me sentir e os meus sentidos, ficam mais apurados que nunca. Encosto o meu ouvido esquerdo à parede húmida e fria, que sustenta o tecto deste submundo. Ouço asas a chocarem contra o ar, pingas a molhar seres negros que esvoaçam por este espaço, já isolado à 18 anos. Tento abrir os olhos, mas estão pesados, mais parece que em cada pálpebra estão pendurados blocos de cimento de 100 toneladas cada um. É-me impossível visualizar a escuridão, mas eu sinto-a, consigo senti-la com as pontas dos meus dedos cada vez que divido o ar com as minhas mãos, dando golfadas de esperança como se estivesse desesperado para sair dali. É estranho; cada vez que me encontro neste mesmo espaço, todos os dias, tenho um medo tremendo de para lá voltar, e extrema ansiedade para sair. Mas, ao mesmo tempo, é como se uma enorme tentação se instalasse sobre esta minha mente e obrigasse este meu corpo a viajar até este submundo, fazendo as delícias desta minha pobre imaginação.
Está quase. Está quase na hora de ela voltar e mais uma vez, perturbar esta minha mente confusa, que se confunde por se tentar compreender. Mas é natural. Se nem eu próprio compreendo a minha mente, iria lá ela compreender-se a si própria..

(Até já, meu submundo..)



Day 12 - A song that describes you