quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


E cá estou eu, mais uma vez, entrei, sentei-me, e em vez de tirar o caderno da respectiva disciplina, tirei outro ao acaso e comecei a escrever. Mais uma vez, deparo-me que estou completamente ausente daquilo que se está a passar dentro desta sala de aula, das conversas que estão a decorrer, das gargalhadas, das "boquinhas" que normalmente estão presentes em todas as aulas.
Estou ausente do habitual dia-a-dia decorrente nesta sala.
Sinto o corpo morto, leve como uma brisa inexistente. Sinto que estou numa luta constante, contra os meus próprios olhos, que lutam constantemente contra a minha vontade de querer que se mantenham permanentemente abertos, pelo menos até ao final da aula, para não levar uma falta desnecessária ou atrair atenções indesejadas.
Sinto a cabeça pesada, como se usasse uns brincos com umas 200 toneladas, cada um.

(..)

Finalmente, encostei o corpo à parede, fechei os olhos e encostei a cabeça à minha própria mão. Já não quero saber se levo falta ou que podem gozar comigo, por pensarem que posso estar a dormir. Quero sim, estar ausente desta monotonia, deste habitual dia-a-dia, que aos poucos, vai-me comendo.
A todo o milésimo, a todo o segundo, a todo o minuto e a toda a hora, sinto que estou a ser comido por esta miserável monotonia, e as dentadas são cada vez maiores, de dia para dia ..