sábado, 3 de janeiro de 2015

Veia dourada.

A postura é forte, mas a sorte sem postura satura a mente. Satura os pontos de costura que vais acumulando na pele.
A postura é forte, mas o corte de sorriso deixa as cores de uma pintura sem riso ou, sequer uma gargalhada. Em tons abusivos; pressão no pincel exagerada.
A postura é forte, mas nem o Norte é certo de que é o Norte – jura a amargura com medo de que tenham todos sorte.



Lá está de novo aquele gosto na boca: Doce, com efeitos analgésicos… Pudesse eu preparar-me antes, fosse eu antes mais cuidadoso ao levar a esferográfica à boca. Tivesse eu mais cautela ao absorver o que me absorve. Tivesse eu mais cuidado ao provar-te de novo. Tivesse eu mais compostura ao saber de ti. Roubas-ma toda a vez que fazes com que eu te sinta. E Oh! Adoro quando o fazes.

Já te disse que te amo?
Imagino-te corada ao dizer-to. A amarrotar-te o casaco aliviando-nos da pressão dos hemisférios. Da pressão de não te ter quando quero. Quando mais preciso.



És a descarga emocional mais bonita em que em mim existe, meu amor. – Digo-o com os dois braços cruzados nas tuas costas, com ambas as mãos a agarrarem-te os ombros. Contrais o corpo como se me tivesses a pedir que te abraçasse com a maior das minhas forças. Faço-o.
- “Não te esqueças de mim, por favor. Está bem?” – Dizes-mo com um tom tão fraco que me obrigas a cerrar os lábios. A adiar as lágrimas.
Olho-te como um adolescente apaixonado e respondo-te que sim, com estes olhos que despertas em mim. – Estiveram cá sempre ou foste tu que me os deste? Não sei. Mas sei-te, isso chega? Quero mais. Quero dar-te mais. – Respondo-te que sim, finalmente, depois de um abraço de dois minutos e um beijo de três. És tão em mim como o tanto que eu sou em ti.

Tenho o peito a ferver, sabes? Tanto para te dizer. Tanto para te escrever. Tanto para te dar. Tanto de tanto de mim que tenho a certeza de que mais ninguém neste mundo, tem tanto deste tanto. Que privilégio, meu amor. Tantos que caçam tantos tesouros e que nada encontram e eu aqui, com o mais rico de todos eles.

“ (…) Se eu não te amar para o resto da minha vida então não vou amar mais ninguém.”




Eram quase 15h30min e o autocarro ainda não tinha chegado. Rezei solenemente para que chegasse ainda mais atrasado. A última coisa que eu queria era levantar-me daquele banco da paragem. Era sair de ao pé de ti. Era ter que me despedir, de ti. Aguentei as lágrimas. Limpei as tuas mas, aguentei as minhas. Fiz o maior esforço do mundo para não olhar para trás. Sabia que se o fizesse naquele momento, tinha descido as escadas daquele autocarro numa correria, borrifando-me completamente nas malas já guardadas. Mas não o fiz, continuei a subir e fui à procura do meu lugar. – O que não fazia qualquer sentido, porque o meu lugar era contigo

Não emiti quaisquer barulhos, confesso. Meti os óculos escuros, tranquei os dedos nos lábios e… Deixei-as escorrer. Deixei-me pingar até ter a mão completamente molhada. Não o quis fazer à tua frente, confesso. Fi-lo sentado no banco, petrificado. Completamente impotente por não te conseguir acalmar ao dizer-te para respirares fundo comigo. Peito com peito.


Desculpa, mas vou parar de escrever. 
O nariz não pára de sentir formigueiros e não faço ideia de como acalmá-lo. Vou-me meu amor, está bem? Estou ao teu lado quando acordares. Acorda-me a mim também, assim comemos torradas juntos, está bem?

Boa noite.