quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Está na hora


Escrevo até às espinhas, destas entrelinhas que adivinhas serem tuas. E quantas luas te posso eu dar, não sendo cruas para que tu te possas entregar ?
Não estamos em contacto, mas percebo de imediato que isso é necessário; ser primário, e ter um lugar para me guardar, nesse teu armário. É por isso, que mais uma vez me descubro, mas descansa, que eu encubro esta tua existência que me está a levar ao rubro.
Voltei à minha demência, esta negligente parte de mim... Esta indecência eloquente, que vira impertinente na ausência de uma clemente essência chamada gente. Mas não é qualquer gente, não é qualquer dente que me ferra a mente e que a deixa completamente, sem coordenadas. 
Sem Norte nem Sul, sem Este nem Oeste, sem a habitual ideia agreste de chegar ao destino. E quão fino é, o caminho correcto que devemos percorrer ? Com tantas estradas secundárias perco-me ao escolher, ao deduzir a escolha de qual será a melhor. Umas mais perfumadas, umas mais arranjadas, umas mais atraentes e outras não tão vistosas... Mas eu não quero superficialidade, quero estabilidade. Quero ter a certeza que a intimidade existe, e quero, a cima de tudo, que para ambos seja verdade. Tanto para mim, como para o escuro alcatrão que se vai esticando debaixo destes velhos ténis, que já carregam um fardo enorme de kilómetros...


Está na hora de preencher estas linhas, mas desta vez, sem  rabiscos.

Está na hora de atar os cordões. Com dois nós.