domingo, 23 de março de 2014

Here.

O relógio apita; são 7h da manhã.

Esta manhã.
Desta inquietante manhã, fresca. 
Esta brisa gélida que me enruga os dedos e que me irrita a garganta. A pele. Os ossos. Os olhos. O peito. Esta brisa gélida gelada de ninguém, gelada de alguém. De cem encontros, de cem mesas e de cem cadeiras, sem ninguém. De cem jarras mas, sem rosas. Sem água cristalizada e tratada como o céu que por cima de nós acorda.

Como eu gostava que assim acordasses. Com um braço e uma perna em cima de mim. Com os cabelos a fazerem-me comichão no queixo. Como eu gostava de te ver… só com uma t-shirt minha.
Diz alguma coisa. Grita com toda a tua força e deixa que o vento te traga até aqui. Deixa-me sentar-te na cadeira vazia. Não, deixa-me sentar-te na mesa em cima deste caderno. Jogar a caneta ao chão e com as minhas duas mãos, fazer pressão nas tuas cochas. Quero a tua impressão corporal nestas folhas. Não, quero-a nas minhas mãos. Que desenrugues os dedos e confortes a garganta. A pele. Os ossos. Os olhos. O peito. O meu peito.

Desculpa, não te conheço e está a ficar frio.


Vou voltar para dentro. Adeus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário