terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Mens Sana.


Sinto o frio a abraçar-me os dedos dos pés; obriga-me a enrolá-los.
Nem com meias grossas lhe escapo e não tenho as tuas pernas, ao pé de mim.
Sentir-me-ia tranquilo se te tivesse todos os dias à minha espera, no sofá, debaixo da manta amarela com a caneca de leite morno a aquecer-te as mãos. De cabelo solto, despenteado, de óculos postos a olhar para mim enquanto penduro o casaco, encharcado.
É assim que eu tenho chegado a casa, encharcado de saudades tuas.
Do que nunca tive.

Anseio-te como anseiam os cientistas pelos raros eclipses lunares.
Anseio-te pela magia e a atração subliminar que apresentas na sinopse desse teu livro, escondido nas prateleiras da maior biblioteca do mundo.

Que privilégio. Tenho-te nas minhas folhas como mais ninguém tem alguém.
Como mais ninguém alguma vez irá ter.



Já te disse que tenho frio nos pés?

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